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resto persistente

Os restos persistentes são aqueles microuniversos que perduram no tempo segundo a duração de suas matérias. Mesmo que ainda sofram alterações com a passagem do tempo, eles conservam, de certo modo, os vestígios do que lhes é originário, mas que na atualidade insistem por existirem longe de seus contextos inaugurais, ao serem transmutados pelo tempo e/ou transportados para longe de suas origens geográficas.
As colagens da série Resto Persistente, buscam gerar uma aliança entre as forças dos objetos que perduram isoladamente, compondo narrativas e criando possíves moradas para coexistirem, porém, sem a intenção de resgatá-los para reconstituir a memória de suas antigas serventias. A recolha destes objetos não tem interesse arqueológico e nem histórico, mas quer seguir a direção da força estética dos fragmentos e criar um plano de imanência para que as potências de conexões inéditas aconteçam.
Portanto, recolher os restos no estado em que se encontram é visibilizar a importância de que uma existência pode persistir em restar para nada, quer dizer, existir apenas para afirmar sua inutilidade e expor as fragilidades de sua matéria. Uma saqueta de chá utilizada, um ficheiro roto, cacos de azulejos, uma lâmina de cortiça perfurada, um cartão com marcas de humidade, uma casca de fruta desidratada ao sol, resina de árvores, uma pétala ou folha seca, cada um destes objetos tem sua singularidade e que, reunidos, podem fazer eclodir um campo de consistência, onde o que compõe e o que é composto têm a mesma potência.

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