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série
só me lembro da tua ausência

A série de pinturas “só me lembro da tua ausência”, parte da recolha de imagens registradas pelo meu pai em diapositivos (slides) que retratam minha família entre os anos 1960 e 1970. Os originais estão há anos em constante processo de deterioração, de modo que o que fora retratado, aos poucos, recebe intervenções de fungos a ponto de, em alguns slides, as imagens se transformarem de tal modo que já não é mais possível reconhecer ou identificar de quem ou do que se trata. Só me resta lembrar da ausência, porque uma nova imagem é produzida. São autorretratos dos fungos que se fazem no jogo entre sobreposição e justaposição de imagens, numa composição complexa que só pode acontecer por meio do movimento da decomposição.

As pinturas atualizam a memória a partir do estado em que os slides se encontram no ato do pintar, sem intenção de recuperar pictoricamente a imagem original, sem o propósito de limpar as impurezas, de expulsar corpos intrusos ou tirar as manchas do tempo, mas ao contrário: é preciso dar imagem para a atualização desformante, que se manifesta pelo acúmulo de camadas dos acontecimentos.

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